Professora discute violência de gênero no Brasil

segunda-feira, 28 de julho de 2014
* Por Professora Dra. Arilda Inês Miranda Ribeiro

Durante mais de três mil anos as mulheres viveram na condição de escravas domésticas, submissas e serviçais ao público masculino, seja nas perspectivas pagãs, religiosas, patriarcais, ditatoriais, liberais e capitalistas. A submissão era inscrita nas leis favoráveis aos homens, como no Código de Hamurabi (1.300 a. C) ou mesmo no Tratado dos Costumes Franceses (1.300 d.C) que lhes permitiam praticar a violência de gênero. Os lusitanos, em 1500, encaixavam as mulheres dentro de uma categoria denominada Imbecilitus Sexus, desvalorizadas pelo Estado português, que as mantinham em casa.
 
Embora nos últimos decênios grupos feministas tenham lutado contra e possibilitado a abertura de suas atuações nos espaços públicos, o machismo se mantém vivo. Vivíssimo! Empoderado por representações culturais misóginas (ódio às mulheres) vizibilizadas no cotidiano nacional, brasileiros descendentes do patriarcalismo colonialista ibérico continuam a invadir o corpo feminino, com anuência de todos os segmentos sociais. Assim, culturalmente, os machistas sempre se sentiram à vontade para “encoxarem” nas mulheres, contra a vontade. Depois em ambiente propício, as estuprarem e no torpor da misoginia, matarem o gênero que os pariu.

Nos dias de hoje, essas práticas culturais relativas aos “encoxamentos” infelizmente ainda são consentidos, minimizados em programas humorísticos, em piadas de escritórios, em campos de futebol, por locutores de rádios (...), cristalizando a ideia de que é o “instinto masculino” que os faz agirem assim, no ônibus, no metro ou onde a oportunidade surgir. Autorizados por seus pares e infelizmente por muitas mulheres rompem com o estado de direito, dentro de um país democrático.
 
A violência de gênero está mais forte do que qualquer outra época. De hora em hora, uma mulher é assassinada no Brasil. Mulheres pertencentes ao século XXI. As agressões estão por toda à parte: chefes de família, pesquisadoras, professoras, braçais, serventes, advogadas, médicas, engenheiras, jornalistas, comerciantes, escritoras, redatoras, domésticas, costureiras, manicures...A sociedade deve dar um basta. Por serem cidadãs, contribuem com impostos e deveres à nação e nesse sentido, precisam manter o direito democrático de serem respeitadas, em suas escolhas. Somente a elas cabe o poder de dizer o que fazerem com os corpos que lhes pertence. Um "rolezinho" feminino pode ser o dispositivo que desencadeie essa mudança.
 
Fonte: Portal Escriba
 
* Arilda Inês Miranda é professora do Departamento de Educação da Unesp de Presidente Prudente.

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